terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Uma religião que precisa “doutrinar” seus adeptos não é libertadora

* Por Derrel Homer Santee
Eu porei a minha lei na mente deles e
no coração deles a escreverei;
eu serei o Deus deles,
e eles serão o meu povo.
Jeremias 1.33 (leia 31.31-34) – BLH

Podemos pensar em Deus só em termos humanos dentro do nosso contexto cultural. No Antigo Testamento, Deus era entendido dentro do contexto do patriarcado. O pai da família era a autoridade máxima. Ele tinha a última palavra e traçava os rumos da família. Deus é retratado como o grande chefe da família tribal. Havia escolhido Abraão, Sara e seus descendentes como sua família. Ele os acompanhou através das gerações, orientando-os, protegendo-os e castigando-os. Mas estes “filhos adotivos” sempre lhe “davam trabalho”. Conforme o profeta, Jeremias o Deus Eterno viu que precisava mudar o relacionamento que não estava dando certo.

O primeiro modelo, a Aliança entre Deus e os descendentes de Abraão e Sara, era unilateral. Deus tomava as decisões e ditava as leis. Ele amava o povo, mas o medo do castigo era o motivo de obediência. Deus era culpado pelo povo quando tudo não estava de acordo com o seu gosto. Este modelo falhou. Neste texto, Deus está propondo um novo relacionamento, o que nasce da mente e do coração do povo.

A religião autoritária, dona da verdade e imposta, usando chantagens, ameaças e medo, não é libertadora! Pode ser bem sucedida em termos de crescimento numérico e financeiro, mas não deixa de ser uma forma de opressão. No caso do povo israelita, a vida servil, maléfica do Egito foi trocada por outra servil, benéfica de mandamentos divinos. Não deixava de ser uma forma de servidão imposta.
Qualquer tipo de servidão provoca revolta e desobediência.

Jeremias apresenta uma visão libertadora do Reino de Deus em que o amor é o valor supremo. O amor e lealdade não podem ser impostos. No amor, as pessoas aprendem e não precisam ser ensinadas. Buscam por si a sabedoria e o conhecimento... A motivação é interna. Uma religião que precisa “doutrinar” seus adeptos não é libertadora.

Os fundamentalismos modernos: cristão, judaico ou islâmico, são sistemas que usam a manipulação para segurar seus adeptos e incentivá-los a ir contra os demais. Ensinam a “verdade” absoluta que, em vez de promover amor, fomenta desconfiança, ódio, separação e hostilidade. Um exemplo é a retirada da Igreja Metodista de órgãos ecumênicos que incluem a representação da Igreja Católica Romana. O governo Bush dos Estados Unidos é outro exemplo clássico do fundamentalismo cristão utilizando com arrogância o poder político, econômico e militar para impor seus valores. Exige conformismo. É opressivo, não libertador.

A nova aliança, baseada no amor e perdão, é libertadora e ecumênica! Não exige conformismo. Cada pessoa tem a liberdade de se relacionar com Deus sem a interferência de outras. Ninguém precisa “converter” o outro.

Viver a nova aliança não é fácil. Exige abrir mão de muitos preconceitos instalados em nossa cultura: sociais, raciais e sexuais. Como os profetas do passado, poderemos ser discriminados e julgados pelos “espirituais”.
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Derrel Homer Santee é missionário aposentado e Confessante. Fonte: http://sementesbiblicas.blogspot.com

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