quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Qual o rumo da Igreja Metodista?

Qual o rumo da Igreja Metodista?

Airton Campos

Recebi recentemente cópia de mensagem, entre pastores amigos meus, que tinha o título acima. O texto citava a visão de Amós descrita no capítulo 7 do seu livro: “O Senhor me mostrou numa visão isto também: Ele estava perto de muro construído direito, a prumo, e tinha um prumo na mão. Ele me perguntou: Amós, o que você está vendo? Um prumo – respondi. Então Ele me disse: eu vou mostrar que meu povo não anda direito; é como um muro torto, construído fora do prumo. E nunca mais vou perdoar o meu povo”.

E a mensagem que recebi dizia: uma igreja sem prumo é uma igreja sem rumo. O problema é que alguns líderes não suportam ver o prumo de Deus orientando a obra.

Recebi também, de outro pastor, cópia de mensagem enviada a outros pastores e bispos reagindo bastante ao convite para participar do II Congresso Regional de Discipulado rumo a 1 milhão de Discípulos a se realizar no final do mês de agosto, na Escola de Missões.

Sua indignação foi porque o congresso seria ministrado por dois “apóstolos” da Comunidade Evangélica Projeto Vida, que atua segundo os princípios do G-12 e dissemina esta idéia.

A propaganda divulgada na página da 1ª Região Eclesiástica na Internet apresenta a imagem dos dois “apóstolos” em primeiro plano e informa ainda a participação especial do Bispo Paulo Lockmann logo abaixo. A propaganda faz ainda alusão ao tema daquele grupo: Rompendo Limites; Superando Limitações e Ultrapassando Fronteiras, e divulga o nome de sua página na Internet.

Consta que o convite aos “apóstolos” já foi revogado e que ele não era do conhecimento do Bispo, mas a propaganda continuava na Internet. Não consigo entender como a presença do Bispo é anunciada, o cartaz é feito e divulgado inclusive no site da Região e o Bispo não sabe?

Também não tenho nada contra se alguém se intitula “Apostolo” ou qualquer outro título honorífico e que seja venerado, mas que o seja na igreja dele, não na metodista. A estranheza é ainda maior porque existe um texto do Bispo Paulo Lockmann endereçado aos pastores da Região intitulado: “Para não dizer que não falei do G- 12” e também uma Pastoral do Colégio Episcopal apontando os desvios doutrinários deste movimento que contraria as doutrinas bíblicas e wesleyanas.

A Pastoral do Colégio Episcopal, entre outras informações, declara explicitamente: “considerando os equívocos neste método apresentado como programa de discipulado, damos a seguinte orientação ao povo metodista: Não entreguemos nossas ovelhas para serem pastoreadas por terceiros... . Segundo a tradição metodista, grupos de discipulados devem ser organizados em nossas igrejas...Que nestes grupos seja aplicado o modelo wesleyano. Devemos ter cuidado com os métodos e programas de discipulado que apresentam outras conceituações. . O Colégio Episcopal, ao analisar as propostas do G-12 declara que elas são incompatíveis com os documentos, doutrinas e caminhada da Igreja em dons e ministérios; e que pastores e pastoras não têm o direito de envolver a comunidade local em propostas que não foram avaliadas pelos respectivos Concílios... O/a pastor/a que assim proceder, estará contrariando a orientação doutrinária da Igreja, e atraindo para si toda a responsabilidade. Desta forma, estará sujeito ao que prescreve os Cânones da Igreja Metodista.”

Será que isto aconteceu? Diante da exposição e divulgação do evento como foi concebido, espera-se pelo menos uma palavra episcopal, de divulgação também ampla, tornando novamente clara a condenação da Igreja Metodista a este tipo de discipulado. E isto de divulgação também ampla.

Este movimento do G-12 surgiu no Vale do Paraíba e causou um grande problema nas igrejas metodistas da área. A Igreja Metodista tem suas normas de discipulado e de busca de consagração e crescimento espiritual racional, mas mesmo entre nós existem muitos buscando apenas uma espiritualidade emocional, sem conseqüência, condenado por Wesley em seu sermão A Natureza do Entusiasmo.

Wesley exigia de seus pastores leitura e estudo, mas parece que hoje alguns pastores não lêem sequer as Pastorais do Colégio Episcopal, preferindo um ativismo emocional, sem profundidade, sem necessidade de estudo e preparação da mensagem. Estão sempre entusiasmados com práticas neo-pentencostais, esquecendo nossa tradição e doutrina, surgindo a toda hora com novidades: dente de ouro, dança profética, etc.

Quando é que vamos realmente agir e crer que o metodismo é um movimento de busca da santificação equilibrada e de mudança no mundo?

Mas não é só na questão doutrinária que muitos líderes agem em desacordo com a Igreja. Também com relação à estrutura da igreja local alguns deixam sua marca pessoal desagregadora. As sociedades de mulheres tem sido uma das vítimas desta ação em muitas igrejas, enfrentando restrições até deixarem de existir. Isto não é uma prática nova, mas não tem sido corrigida pelas autoridades eclesiásticas.

Será porque nossa Região, apesar de abranger um só Estado, cresceu muito e já dificulta o acompanhamento e a supervisão de lideranças locais?

Temos visto apenas planos de crescimento fabuloso sem que se debata de maneira clara uma nova estrutura regional, que no sistema atual só vai concentrando poder. Existem muitas dúvidas a elucidar e inquietações a dirimir.

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