sábado, 9 de julho de 2011

Se excluírem meus(minhas) irmãos(ãs), terão que me excluir também!

Se excluírem meus(minhas) irmãos(ãs), terão que me excluir também!
 

Por Moisés Coppe. 












Desde que assumi o desafio de acompanhar os irmãos e irmãs de Belém do Pará tive a impressão de estar numa empreitada evangélica cuja tônica seria, tão somente, a da evidenciação dos valores que acredito e prego. Ao contrário do que muitos colegas disseram, não entrei nessa sem saber o que realmente estava acontecendo. Eu entrei, sabendo de fato, sobre cada minúcia. Um mote me perseguiu naquele momento de decisão: “tua luta é minha luta; teu problema é o meu problema; tua vitória é minha vitória; tua derrota é a minha derrota”. É claro que gostaria de ficar com as três dimensões anteriores. Entretanto, quero afirmar que a derrota ou exclusão de membros da igreja metodista de Belém se desenha estranhamente. Entretanto, expresso com veemência tácita: se excluírem meus irmãos e minhas irmãs, terão que me excluir também.

Ora, é muito fácil acusar os membros de uma igreja de rebeldes. É muito fácil provocar o abuso espiritual sobre gente que faz parte da nossa recente história metodista em terras brasileiras. Digo que isso tem um nome: covardia!


Li em blogs e ouvi muitos comentários absurdos de gente que não se conscientizou do que é e do que faz. Fiquei enojado com o grau de maniqueísmo presente em pessoas que existem tão somente para amarem a Deus e ao próximo como a si. O que li e ouvi foram distúrbios mesquinhos marcados pela lógica do exclusivismo religioso, típico de uma arena romana. Realmente, a estrutura da igreja metodista está mais próxima do papismo do que da reforma protestante.


Se por um acaso, um lampejo de sensatez chamar alguns à ordem, descobrir-se-á que toda e qualquer hierarquia foi destruída pela certeza de que Deus está em todos os lugares, pois que é vento que sopra onde quer, não só na igreja metodista ou nas chamadas evangélicas, mas onde deseja. Se Deus quer atuar aqui ou acolá, o problema é d´Ele, não nosso. E sabemos bem que Deus está agindo no mundo sem a nossa pretensa santidade.


Eu mesmo tenho visto Deus agir de formas inusitadas. E sempre foi assim. Pedro teve que comer coisas que ele não queria porque Deus purificou. Mas muitos santos atuais não querem, sequer, considerar a visão. Mesmo que Deus diga que a coisa é boa, eles a rejeitarão usando, inclusive, o nome daquele que foi acusado de maioral dos demônios.


É triste perceber pastores se manifestando de forma agressiva e boçal sem o mínimo de critério e sem conhecimento de causa. Mas eu sei que a verdade vem à tona, cedo ou tarde. Ela vem. Sim, vem. Espero que venha...


Assim, absorto em um turbilhão de comentários maliciosos, clamo aulicamente por justiça. O sofrimento pode ser até aceito e assimilado, mas o sofrimento provocado por líderes religiosos tem que ser extirpado urgentemente. Por isso, o sofrimento dos meus irmãos e das minhas irmãs de Belém do Pará, tanto para a comunidade Nova Aurora ou para os que comungam na central, provocado por pessoas que existem para abençoar, somente abençoar, não pode ser por mim aceito. Persigo aqui uma lógica existente na cultura mineira: “Se mexer com a minha família, mexe comigo”. Mexendo com eles, mexem comigo. Se eles(as) forem excluídos(as), que me excluam também. A mesma coragem que líderes possuem para decidir a vida dos leigos precisa ser demonstrada a pastores, na mesma moeda, na mesma medida.
Diriam os práticos, diante dessa minha argumentação: “se não está satisfeito, cai fora”. Com prazer o faria se não existissem tantas boas pessoas metodistas nesse Brasil de meu Deus. Não fico por causa de questão subsidiária, tampouco por segurança econômica. Por graça de Deus não sou como alguns que dependem da igreja para sobreviver. Eu sei de muitos que estão representando papéis para permanecerem em suas posições, mas o coração está muito longe daquilo que dizem ou pregam.


O que acontece com estes(as) quando colocam a cabeça no travesseiro? Duvido que haja sossego a não ser que a vida pastoral se configure no campo da indiferença.


Não quero criar contendas, mas não vou abrir mão de pensar diferente. Podem me chamar de rebelde, de feiticeiro, de aproveitador, de fazer politicagem, mas não me acusarão de duas caras. Pelo menos, falo o que penso e me exponho, doa a quem doer. Vou expor meus pontos de vistas e dou direito a todos(as) exporem os seus. Só não vitimem as pessoas em nome de uma pretensa santidade maniqueísta e exclusivista. Acho que o pastorado deve ser sempre o símbolo da unidade entre as contradições. Ter uma postura e uma convicção é fundamental para a nossa ética de convicção, mas não podemos abandonar a nossa ética de responsabilidade para com os outros.


Enfim, em todo esse processo somente me importei com algumas pessoas e aprendi a amá-las. Poderiam ser pessoas de qualquer outro lugar. Belém é uma terra esquecida pela igreja metodista. O que existe lá é muito pouco. Aliás, um diálogo amigável e respeitoso entre as partes poderia resolver o problema. Isso é muito possível desde que as pessoas não sejam obrigadas a concordar com todas as coisas, afinal de contas, a liberdade é um valor incomensurável para a vida cristã.


Que fique evidente o fato de que a mesma coragem para exclusão de membros leigos seja também praticada aos membros clérigos. Acho que isso é, no mínimo, agir com integridade.


Publicado originalmente em In Ludere. 

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