segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Reações à Intervenção na FATEO - Rev.Adahyr Cruz

Reações à Intervenção na FATEO - Rev.Adahyr Cruz




O rev.Adahyr Cruz, presbítero aposentado da 4ª Região Eclesiástica, escreveu ao revmo.Stanley Moraes, secretário executivo do Colégio Episcopal, a seguinte carta:

"Mestre, o mar se revolta, as ondas me dão pavor..."

Stanley,
escrevo-lhe esta mensagem porque preciso declarar a minha total revolta. 
Hoje é para mim um dia de muita tristeza e luto após a confirmação, por fontes de amigos da FATEO, da notícia de uma semana atrás, da intervenção em nossa Casa de Profetas pelo Colégio Episcopal.

Veio -me à mente toda a atrocidade cometida pela liderança da Igreja, especialmente do CE em 1968, fechamento da FATEO, expulsão de alunos e professores, trancamento de federações e congressos e muito mais até a inspiração e suporte para a  entrega de membros da igreja  aos órgãos de repressão. Você foi como eu vítima desse autoritarismo. 

A igreja levou muitos anos  para tomar seu caminho, até chegar aos Concílios Regiomais de de 2005 e daí desaguar no fatídico CG de 2006, por meios absurdos nas eleições de alguns bispos e deposição de outros. E de lá para cá com outras eleições,entendeu a tendência majoritária que a Igreja só pode ser liderada pela hegemonia pentecostal e néo-pentecostal. Botaram fogo nas linhas da tradição metodista, dons e ministérios, a pluralidade  de dons e serviços, ecumenismo, teologia e liturgia, etc. Cada reunião do CE novas decisões que comprovam o caminho obscuro da sofrida IM.

Pelo jeito que vinha a carruagem, os interventores iam parar na FATEO e a decisão de demitir professores foi das mais trágicas e inconsequentes possíveis.
Fico me perguntando, essas decisões de ódio do CE são unânimes ? Não tem alguns ou alguns bispos opositores ? Se tem parece-me que se acovardam e tem mais fidelidade aos pares do que a Deus, pois não se pronunciam, não botam a cara, não mostram suas diferenças.

Agora vem o  corte do Paulo Aires e Nelson Leite, porque são bispos sem afinação com CE, a idade ou tempo de serviço, na verdade são desculpas esfarrapadas, não tem outra expressão. De igual modo o prof. Josias e Tércio. Perderam a memória? Estão doentes, com alzheimer talvez ? Esqueceram o que ensinaram, pregaram, dirigiram em suas muitas lideranças ? Não, são mesmo cassações ideológicas, coisas que achávamos não voltasse mais à IM.

E tem mais nas decisões e registros do CE, a demissão dos professores Cláudio Ribeiro e o prof. Luís Carlos Ramos, esses já esquentavam por sua seriedade nas pesquisas e a verdade e transparências em suas aulas na formação de centenas e centenas de alunos.

Na sequência virão os outros Paulo Garcia, Helmut, Rui e outros onde a varredura puder alcançar, a menos que hajam acordos, compreensivos em épocas de repressão e torturas.

Minha mensagem pode ser enviada a quem você quiser, especialmente, aos bispos presidentes das regiões, não tenho mais nada a ser cassado a não ser a carteirinha de pastor aposentado, pois até a nomeação sem ônus para pastorear os índios Guarani me foi tomada, sem surpresa, pois a presença social da IM na sociedade também saiu da pauta do CE.

"Mestre o mar se revolta, as ondas me dão pavor, o céu se reveste de trevas....", são palavras do velho hino metodista, já não cantado e muito atualizado e assim me despeço, pedindo a Deus por todos nós e que salve a IM de mais um naufrágio.

Rev. Adahyr Cruz, pastor metodista.

Posteriormente, o revmo.Stanley Moraes respondeu ao rev.Adahyr.

"Colega Adahyr.
Graça e Paz!
Desejo que este te encontre bem, mesmo que com o que exprimes como “total revolta”.
Estive sem acesso à e-mails de 02 a 15 do corrente, pelo que não tinha chegado em teu e-mail até agora.
Lendo uma carta pastoral do Bispo Luiz Vergilio, tomei conhecimento da carta que tinhas me encaminhado, para que eu enviasse aos bispos e bispa, e que o Miguel Montanha mandou a ele.
Estou te encaminhando a carta do Bispo Luiz Vergilio, pois ele orienta o quadro pastoral da 2ª RE sobre este assunto, pois se diz muitas coisas que não correspondem a verdade.
Em fevereiro de 2010 o Colégio Episcopal estabeleceu diretrizes para o quadro de professores e professoras da Faculdade de Teologia. De imediato reuniu-se com o Presidente do Conselho Diretor e com o Reitor para passar-lhe as orientações, e acertar com eles o processo de implementação das mudanças.
Depois de muitas reuniões, encontros, etc,  agora os princípios estão sendo implementados.
Eu não chamo isso de intervenção, mas de orientação, pastoreio... O Colégio Episcopal é responsável pela Faculdade de Teologia, e esta tem que se renovar à luz das decisões dos Concílios Geral e Pastorais do Colégio Episcopal.
Quando eu fiz complementação teológica meus professores eram bem jovens. A maioria não tinha nem mestrado. Alguns deles estão na FaTeo até hoje, e agora já são doutores. É só eles que podem lecionar na FaTeo, ou na Igreja há outras pessoas que também podem estar lá?
O Colégio Episcopal continua exercendo seu ministério na Igreja, com as convicções que tem (eu não tenho dificuldade de dizer que também com sua ideologia), fazendo aquilo que entende ser o melhor para que a Igreja cumpra sua missão.
Como metodistas que “pensamos e deixamos pensar” podemos concordar ou discordar de suas ações, mas temos que acolhê-lo como nosso pastor/pastora. Somos servos do Senhor.
Que o Senhor ilumine a vida de nossa Igreja, e nos preserve como comunidade missionária a serviço do povo, fazendo discípulos e discípulas.
Fraternalmente em Cristo
Bispo Stanley"

8 comentários:

* disse...

Excelente posição do bispo Vergílio. Simples e objetivo... O Colégio Episcopal governa a Igreja e a Faculdade de Teologia, a despeito de muitos que por lá estão acham, não é um corpo á parte dessa Igreja. O reverendo Adahyr, a quem cabe meu respeito, vocifera a indignação de um grupo que na verdade briga pela perda de espaço.

Fabio Martelozzo Mendes disse...

Prezado rev.Bruno Roberto (teria sido melhor ter se identificado na escrita da mensagem).

O sr.tem total razão quando diz que a grande questão é "briga por espaço" no seio da igreja.

Então, cai por terra a alegação do próprio bispo Luiz Vergílio e do bispo Stanley Moraes de que se trata de "pastoreio".

O que existe é a intenção de aparelhar a FATEO, ignorando diretrizes educacionais e também ignorando o fato da Faculdade de Teologia ser um curso universitário reconhecido pelo MEC e oferecido à comunidade em geral.

Por fim, ao explicitar de maneira bem clara a briga pelo poder, o sr.apenas confirmou as percepções ventiladas anteriormente.

Muito obrigado. Por favor, por uma questão de honestidade, identifique-se nos próximos comentários.

* disse...

Fábio, eu fiz o comentário com a minha conta do Google, logo, acreditei que o nome sairia obrigatoriamente. De alguma forma você me identificou... Fui traído pela ignorância e não pela intenção de omitir identidade ou por desonestidade, como sugeriu. Você já me conhece de outros debates e sabe que não me escondo. Quem disse que o Colégio Episcopal não irá repor as pessoas afastadas com outras que representem as diretrizes educacionais e honrando a vocação de ensino da Igreja? Acho que um pouco de humildade não faria mal ao debate... A questão da "briga por espaço" tem sido tratada assim por grupos como esse que você representa (ou simplesmente faz parte) desde agosto de 2006... nunca aceitaram as decisões conciliares que não lhes foram convenientes, cometem, como o pastor Adahyr no texto, a irreverencia de questionar eleições dos novos bispos de 2006 e 2011, e agora condenam a natural intervenção do Colégio Episcopal na FaTeo! Quer dizer que a Igreja Metodista no Brasil sempre foi referencia de caminhada saudável em todos os sentidos e começou derrocada de 2006 pra cá? Vocês esquecem que os professores da FaTeo são cedidos por suas regiões de origem para nomeações do Colégio Episcopal para a Área Nacional? Então, toda essa indignação é pra dizer que os bispos podem nomear, mas não podem retificar nomeação baseados em critérios do Colegiado episcopal? Não pode haver plano de itinerância para nomados da Área Geral? Faça-me o favor Fábio, e pare com esse choro preso que já dura 7 anos e mostrou-se sem respaldo pela igreja. Eu fui delegado clérigo no último Geral e vi as delegações da Terceira e Segunda retirarem a proposta de re-discutir acerca de ecumenismo da pauta porque "viram" que essa página a igreja virou. Vocês só têm olhos para a percepção institucional, pois, desse grupo confessante, "as cabeças" sempre "sentaram nas cadeiras", incluindo gente influente no passado com o pastor Adahyr, bispo aposentado e gente "alta" das instituições. Chegou a hora de equilibrar com a "voz" da igreja local, que nunca coadunou com aquele ecumenismo 'as avessas" que tínhamos, que entendeu que precisava fortalecer a figura dos bispos-eleitos com a imagem marcante no pastoreio e frutos na igreja local, e que deseja uma faculdade que forma excelentes pastores com ensino teológico de qualidade e realmente confessional. Só, por enquanto...

* disse...

Fábio, mais uma coisa... em nome da honestidade quanto a identificação, você poderia citar os nomes das pessoas que fazem parte do grupo denominado "Rede Metodista Confessante"? Há quase 7 anos tenho percebido que você é o principal interlocutor do grupo, mas como você expressou que identificar-se é uma questão de honestidade, nomine, por coerência, os metodistas confessantes. Espero não estar contrariando qualquer código de segredo do grupo. E, se por lapso esqueci de identificar-me de novo, sou Bruno Roberto, presbítero ativo na Primeira Região.

Fabio Martelozzo Mendes disse...

Prezado presbítero Bruno Roberto.

Sobre a identificação dos confessantes. Nós nos identificamos sempre. Não somos uma "instiuição" que tem rol, membros, contribuição, etc. Mas se você acompanhar nosso blog (como creio que acompanha) verá que em todos os nossos encontros presenciais (já foram cinco) há fotos e nomes dos participantes e dos que apresentam trabalhos. Já apresentamos dois manifestos à Igreja expondo nossas opiniões e todos contam com signatários.

Todavia, muitas pessoas principalmente presbíteros, presbíteras, pastores e pastoras foram pressionados a não participarem do Grupo Confessante. Este é outro ponto que questionamos. O autoritarismo do Colégio Episcopal. Outras pessoas, identificadas ou não como confessantes, já sofreram retaliações ilegais, ilegítimas e anticanônicas.

Veja que a covardia institucional contra um pequeno grupo não tem encontrado limites.

Por fim, em relação a tudo o que você falou, isso tudo mostra a incapacidade do grupo hegemônico que dominou as estruturas de poder em conviver e dialogar com com as diferentes correntes e os diferentes dons. Há uma intenção em homogeneizar e alijar aqueles e aquelas que exercem suas vocações de maneira diferente.

Perseguições, opressões, injustiças e ilegalidades. Essa tem sido a marca da Igreja Metodista nos últimos anos. Isso tudo não começou nos últimos anos. Sempre fez parte da dinâmica institucional. Mas agora tornou-se política oficial da igreja.

* disse...

Fábio, eu pedi os nomes porque li em outra postagem uma pessoa dizendo que não conseguia ser incluída e você solicitou um e-mail para "arrolá-la", logo, entendo que você têm uma listagem... Seria mais honesto você identificar o grupo, segundo coerência de sua primeira postagem. Eu acompanho quase tudo que trata sobre a Igreja Metodista. Coisas que concordo ou repudio, como esse movimento de vocês. Contudo, se minhas inquietações e discordâncias estiverem sendo tomadas como impertinentes, é só falar... Você afirmou que há um "grupo hegemônico que dominou a igreja". O que tenho pra perguntar é o seguinte: se há um grupo que dominou, qual grupo dominava antes? Se o atual Colégio de bispos é autoritário, qual composição era exemplo de diálogo? Volto a citar que o vosso objetivo é brigar por espaço que acham que perderam, pois, "antes", tudo era flores! É a velha história... quando fui eu era bom, agora que é você é ruim! Não precisa ser assim! Essa postura de vocês só cria separações. Por que não aceitaram que a questão do ecumenismo de 2006 foi a vontade da maioria em um ambiente de concílio em uma igreja conciliar? Por que demonizar o processo de eleição de novos bispos só porque preferidos de A e B não foram reeleitos? Vocês esqueceram que qualquer presbítero pode ser eleito e que atuais bispo não têm renovação de mandato automático? Que Igreja Metodista é essa que vocês construíram em suas mentes? Somos uma única igreja, e que precisava, sob a minha ótica, de todo esse "vento". É óbvio que em todo contexto de renovação há exageros e contrassensos, mas a Igreja irá se equilibrar.

Rev. Bruno Roberto

Fabio Martelozzo Mendes disse...

Incluímos pessoas em nossa lista de e-mail. Todavia, os participantes da Rede são os signatários dos documentos e os participantes dos encontros, cujos nomes e rostos são públicos. A coerência partiu antes de nós.

Por fim, realmente o que é possível concluir da sua fala é que há uma tentativa e um esforço por calar as vozes divergentes, ainda que essas vozes divergentes clamem por justiça e legalidade.

Fabio Martelozzo Mendes disse...

Incluímos pessoas em nossa lista de e-mail. Todavia, os participantes da Rede são os signatários dos documentos e os participantes dos encontros, cujos nomes e rostos são públicos. A coerência partiu antes de nós.

Por fim, realmente o que é possível concluir da sua fala é que há uma tentativa e um esforço por calar as vozes divergentes, ainda que essas vozes divergentes clamem por justiça e legalidade.