quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Metodistas participam de ato interreligioso “Pelo Dever e pelo Direito de Sepultar os Mortos”

Metodistas participam de ato interreligioso “Pelo Dever e pelo Direito de Sepultar os Mortos”


No dia 2 de novembro, Dia de Finados, um grupo de metodistas que incluiu os professores Luiz Carlos Ramos e Luciano Lima como também o representante da Comissão Nacional da Verdade, Anivaldo Padilha, participou de ato público em defesa do direito das famílias das vítimas de sepultarem seus mortos.  Em frente ao ossário do Cemitério do Araçá (onde estão os restos mortais encontrados numa vala clandestina do cemitério de Perus) foi celebrado um culto ecumênico que reuniu pessoas de diferentes confissões religiosas, além de representantes de movimentos sociais, todos unidos pela defesa da vida e da justiça.

O ato teve o propósito de reivindicar que o poder público, principalmente a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, acelere o processo de identificação dos restos mortais. “Há uma paralisia inexplicável; está faltando mais vontade no processo de reconhecimento destes ossos”, declarou Anivaldo Padilha durante a cerimônia, segundo site da Arquidiocese de São Paulo.
O evento foi organizado pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Comissão da Verdade da PUC; Conselho Nacional de Igrejas Cristas (CONIC); Rede Ecumênica de Juventude (REJU); Movimento de Fraternidade de Igrejas Cristãs (MOFIC); Comitê Paulista pela Memória, Justiça e Paz; Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos; Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura do Município de SP; Comissão Nacional da Verdade Rubens Paiva; Comissão Municipal da verdade Vladimir Herzog; Subcomissão Memória, Verdade e Justiça da Câmara Federal; Associação Cultural Nelson Werneck Sodré; Conselho Latino Americano de Igrejas (CLAI); CUT Nacional – Secretaria de Políticas Sociais; CUT – SP; Fórum Ecumênico ACT Brasil; Frente de Esculacho Popular; Grupo Tortura Nunca Mais SP; KOINONIA – Presença Ecumênica e Serviço; Levante Popular da Juventude; Sindicatos dos Bancários SP; Sindicatos dos Jornalistas SP; Sindicato dos Químicos SP; Sindesp e União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Ato de violência: obra de arte depredada 

Na manhã de domingo, 3 de novembro, seria inaugurada no Ossário Geral uma instalação artística feita em homenagem às vítimas da ditadura militar. Contudo, a obra -- denominada “Penetrável Genet”, de Celso Sim e Anna Ferrari –  amanheceu parcialmente destruída. O ataque foi descoberto logo pela manhã  do domingo, dia em que seria aberta para visitação. Foram derrubados dois monólitos de pedra de 700 kg cada um, que seriam usados para a projeção de filmes. Eles também romperam blocos de concreto e retiraram três sacos de ossos --que não faz parte dos encontrados em Perus-- e os espalharam pelo cemitério.

O artista Celso Sim e a arquiteta Anna Ferrari, no espaço da instalação da obra "Penetrável Genet", que foi vandalizada no cemitério do Araçá na véspera da abertura da peça; a inauguração foi adiada para a próxima terça-feira. 

"Vândalos atacaram o Ossário do Cemitério do Araçá, em SP, onde realizamos o Ato Ecumênico, ontem, em memória dos mortos e desaparecidos durante a Ditadura e onde seria inaugurada a instalação artística sobre o mesmo tema. Esse ato de vandalismo e de violação de túmulos só pode ter sido praticado por setores da direita desgostosos com o fato de termos dado visibilidade aos crimes da ditadura. A inauguração da instalação foi transferida para terça-feira, 5 de novembro. Temos que mobilizar o maior número de pessoas para essa inauguração. Será o momento de darmos uma resposta a essa direita criminosa", declarou Anivaldo Padilha, em sua página pessoal no Facebook.

Esse ato de selvageria só reforça a importância desse memorial e da luta pela verdade e transparência travada pela Comissão Nacional da Verdade. O respeito à memória e à vida são condições fundamentais para a consolidação do regime democrático. Que a Comissão Nacional da Verdade e todos/as aqueles/as que a apoiam, incluindo, nesse momento, os artistas responsáveis pela instalação artística depredada (uma triste, embora limitada alusão de quem teve a vida destroçada pela ditadura) sejam consolados e fortalecidos!


Liturgia do Ato Interreligioso (autoria de Luiz Carlos Ramos)

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